quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

sobre o filme O Concerto (2009), de Radu Mihaileanu

Confesso que senti dificuldade em escrever sobre este filme, que tenta mesclar comédia satírica com dramas psicológicos. Dirigido pelo cineasta judeu-romeno Radu Mihaileanu, O Concerto foi muito elogiado por 90% da crítica (Celso Sabadin, do Cineclick, escreveu que este é o melhor filme que ele viu em 2010), além de ter sido indicado ao Globo de Ouro 2011 de Melhor Filme em língua não inglesa.

Filho de um jornalista judeu deportado pelo nazismo, Mihaileanu mudou-se para a França, durante a ditadura de Nicolae Ceausescu na Romênia, onde estudou no Idhec (Instituto de Altos Estudos Cinematográficos) nos anos 80. Também nesta década, foi assistente de direção do cineasta italiano Marco Ferreri (A Comilança/1973). Em 1998, Mihaileanu lançou O Trem da Vida, um dos seus filmes mais prestigiados, cujo tema se assemelha ao da produção A Vida é Bela (1997), de Roberto Benigni, ganhadora de três Oscar.

Seguindo quase a mesma temática de O Trem da Vida, a de que um grupo oprimido se une para burlar as leis impostas em busca de um final feliz, O Concerto traz como protagonista Andreï Filipov (Alexeï Guskov), um dos maiores maestros da União Soviética e regente da célebre Orquestra de Bolchoï. Após recusar-se a demitir seus músicos judaicos, Filipov é afastado da regência pelo comunista Leonid Brejnev. Mas isso você só vai descobrir ao longo do filme. A trama, de fato, começa trinta anos depois, quando Filipov trabalha como faxineiro no Teatro de Bolchoï. Por uma grande coincidência (como tantas outras que vão ocorrer durante o longa-metragem), o maestro intercepta um fax, que chega à direção do Bolchoï, sobre um convite do Teatro de Châtelet, em Paris, para uma apresentação da orquestra.

A primeira ideia maluca de Filipov é se passar pelo responsável do Bolshoï para novamente voltar ao comando de uma orquestra. A segunda ideia é reunir seus antigos companheiros de música, que vivem de modo precário, e ensaia-los para um concerto de Tchaikovsky. Daí em diante muitas situações surreais acontecem, com vários personagens caricaturais, como um dirigente comunista que ainda acredita na causa, um velho judeu asmático viciado em comércio, e um magnata do gás que pensa ser um violoncelista e paga para participar da orquestra.


Este é o núcleo cômico da produção. Paralelamente, O Concerto também traz a história dramática da famosa violinista Anne-Marie Jacquet, interpretada pela linda atriz francesa Mélanie Laurent (Bastardos Inglórios/2009). A vida de Anne-Marie é um mistério tanto para ela como para o público. Ela nem imagina (mas a plateia talvez sim) que todos os segredos estão relacionados com o maestro e com o concerto interrompido na época de Brejnev.

Porém, em certo momento da trama de O Concerto, tudo está dando tão errado que um dos personagens comunistas apela e pede para Deus, por favor, um milagre para que algo funcione. Sentada na plateia, eu também pedia que um milagre acontecesse para que o filme tomasse algum rumo coerente, que o roteiro se salvasse de algum modo. Na história, os milagres acontecem, já para mim, não houve luz divina que trouxesse emoção, gargalhada ou simpatia com esta história. Esperava mais.

Assista ao trailer:

2 comentários:

  1. Poxa, eu gostei do filme. Fui pego de surpresa por alguma cenas cômicas, que não imaginava que fosse ver, e ri. E eu gostei muito da cena do concerto mesmo, intercalando com imagens da mãe da Anne-Marie e com ela já no futuro, conhecendo sua própria história.

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  2. Eu achei essa parte das imagens da mãe da Anne-Marie muita forçada. Saí com a sensação de que poderia ser melhor, sabe.

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