segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

sobre o filme Além da Vida (2010), de Clint Eastwood

A lista de filmes que refletem a existência de vida após a morte é imensa. Pode-se citar desde Ghost (1990), dramalhão com Demi Moore e Patrick Swayze, Amor Além da Vida (1998), estrelado por Robin Williams, A Casa dos Espíritos (1993), baseado no romance de Isabel Allende, O Mistério da Libélula (2002), entre outras produções. Em sua obra mais recente, o cineasta norte-americano Clint Eastwood parece fissurado com esse tema da morte. Em filmes como Menina de Ouro (2004) e Gran Torino (2008), ele chega a lidar com o assunto, mas muito diferente do jeito que dirigiu Além da Vida.

No filme, o roteirista Peter Morgan (A Rainha e Frost/Nixon) cria três narrativas, que se intercalam com uma fluência impressionante, sobre personagens que têm suas vidas ligadas à morte. A sequência inicial traz a jornalista Marie Lelay, vivida por Cécile De France, presente no tsunami da Tailândia em 2004, em uma das cenas de tragédias naturais mais bem filmadas da história cinematográfica. Perto de filmes-catástrofes como O Dia Depois de Amanhã e 2012, essa cena é muito realista e certamente foi a que colocou Além da Vida entre os indicados ao Oscar de Efeitos Visuais. Ao sobreviver, Marie volta para a França empenhada a investigar e divulgar essa experiência de “quase-morte”, o que custará o seu emprego e sua popularidade.


Após atuar em Invictus (2009), o ator (mais hollywoodiano do elenco) Matt Damon está excelente no papel do sensitivo George Lonegan, que alcançou muito sucesso e dinheiro por ser médium. Porém, esse dom torna-se uma maldição. Ele larga tudo para trabalhar no cais do porto e tenta agir como uma pessoa normal, frequentando aulas de culinária para conhecer novas pessoas. Nas cenas em que Lonegan sente os espíritos, o diretor reproduz imagens desfocadas e iluminadas, de um modo que as pessoas normalmente descrevem o outro lado. Eastwood não recria figuras fantasmagóricas nem pacíficas, nem um mundo totalmente branco com seres flutuando. Ele parte para o simplório, o que é uma ótima solução.


Já o garoto londrino Marcus entra em depressão com a trágica morte de Jason, seu irmão gêmeo (George e Frankie McLaren nos dois papéis). Ele procura entrar em contato com o irmão por meio de várias crenças, que busca pela internet, mas nada funciona. Em uma dessas jornadas, Marcus consegue escapar de um ataque terroristas ao metrô de Londres, em 7 de julho de 2005. Outra cena assustadora devido ao peso que terá na trama mais adiante.

Fora essas sequências da onda gigante e da explosão no subterrâneo, o filme é puramente reflexivo, com personagens sempre em busca daquilo que a morte tirou deles, colocando em segundo plano suas vidas e o que realmente está vivo ao redor. Porém, Eastwood não usa Além da Vida para pregar alguma verdade ou uma doutrina religiosa. Ele deixa espaço suficiente para o público tirar suas próprias conclusões. Se você acredita ou não na existência de vida após a morte não importa perante esse bom filme do grande cineasta Eastwood.

Assista ao trailer:


Um comentário:

  1. Eu acho esse um dos filmes mais fracos do Clint como diretor. Realmente não me pegou. A cena inicial do tsunami também não me chamou tanta atenção, assim como as 3 histórias que se interligam. Não gostei muito da montagem do filme. Ele foi muito dividido em 3 blocos grandes e depois a junção dessas histórias. Acho que poderia ter variado um pouco mais... a Bryce, por exemplo, ela passa quase metade do filme sem aparecer, depois aparece por alguns minutos e some completamente depois. Acho que as coisas poderiam acontecer mais ao mesmo tempo, as 3 histórias caminharem meio que juntas e tal... e o final, bom... que finalzinho, hein? rs

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