segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

sobre o filme A Árvore (2010), de Julie Bertucelli

Certamente A Árvore, da diretora francesa Julie Bertucelli (Desde que Otar Partiu), é um dos filmes mais hippies que já vi. Logo as primeiras cenas, em que uma grande casa é carregada em cima de uma carreta pela estrada, já provam isso. Afinal, quem está acostumado a mudar e levar sua própria casa na bagagem. A história, baseada no livro de Judy Pascoe, se passa em um vilarejo na Austrália, onde um casal jovem vive com seus quatro filhos em um casarão de madeira em frente à uma enorme figueira.

A vida deles é perfeita até que uma tragédia acontece quando o pai tem um ataque do coração e morre enquanto dirige sua caminhonete. A família entra em depressão, principalmente Dawn (vivida por Charlotte Gainsbourg), a viúva que mal consegue levantar da cama. Simone, a única menina entre os irmãos, bem moleca e ligada à natureza, consegue enganar sua tristeza ao acreditar que o espírito de seu pai encarnou na árvore. Assim, a pequena passa a maior parte de seu tempo conversando com o seu pai, ou melhor, a árvore, onde dorme, brinca e constrói sua nova moradia.


Ao lado de Charlotte Gainsbourg, a atriz mirim Morgana Davies é quem sustenta essa trama. As personagens destas duas atrizes entram em um jogo de equilíbrio da maturidade e da responsabilidade. Em algumas cenas, a menina parece cuidar da mãe quando deveria ser o contrário. Por exemplo, quando Simone mostra-se preocupada com seu irmão mais novo que ainda não aprendeu a falar, chamando-o de preguiçoso, enquanto a mãe somente o mima. Outro elemento essencial da narrativa é a interferência da natureza na vida dos personagens, seja nas rãs presas no vaso sanitário, no morcego que invade a cozinha, nas raízes da árvore que modificam a estrutura da casa, até o tornado que força a família a se reconstruir em outro lugar. Com A Árvore, Julie, que foi assistente do cineasta polonês Krzysztof Kieslowski, traz um filme influenciado pelo tema da morte, do luto e das consequências para os que continuam vivos.

Assista ao trailer:


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