sexta-feira, 8 de abril de 2011

sobre o filme A Rede Social (2010), de David Fincher

A Rede Social não merece toda essa fama que leva. Para quem tem no currículo filmes como Seven – Os Sete Crimes Capitais (1995), Clube da Luta (1999) e Zodíaco (2007), David Fincher deixa a desejar nesta história intrigante do bilionário mais jovem do mundo, Mark Zuckerberg, que ganha dinheiro com uma das redes sociais mais populares da internet. Apesar de ter “criado” o Facebook, Zuckerberg não tem vida social. Introspectivo, nerd, gênio em programação de computadores e muito tímido, ele demonstra nervosismo e muitas gotas de suor ao conversar, por exemplo, com a repórter do programa 60 Minutes, da CBS News. Escolhido para interpretá-lo, o ator Jesse Eisenberg também é um tanto quanto esquisito e sempre monossilábico em suas entrevistas.


Talvez pela tentativa de ser fiel ao livro Bilionários por Acaso – A criação do Facebook, de Ben Mezrich, Fincher tenha falhado e criado uma história meio sem sal. O filme possui dois focos principais: os acontecimentos que levaram Zuckerberg a criar o Facebook e as consequências de seus atos. É um filme de tribunal, mas sem o tédio. Nesse sentido, Fincher consegue levar bem o filme, ao intercalar o andamento dos processos e usar momentos e diálogos reais do julgamento.

A Rede Social começa quando Zuckerberg leva um fora de sua namorada super entediada e cria um odiozinho por todas as meninas do âmbito universitário. Assim, ele invade o banco de dados das instituições para selecionar fotos das garotas e inventa o site Facemash, onde elas são comparadas em critérios machistas de beleza. Em uma única noite, o site tem 22 mil acessos – para mostrar como os estudantes têm muita vida social – e derruba a rede da universidade.

Ao saber do fato, os gêmeos playboys Winklevoss (o ator Armie Hammer foi digitalmente duplicado) e o estudante Divya Narendra propõem a criação da HarvardConnection, uma rede social exclusiva para compartilhar fotos e vídeos entre os amigos. Zuckerberg logo topa a parceria e, ao mesmo tempo, faz uma sociedade com seu melhor e único amigo Eduardo Saverin (Andrew Garfield), que vai investir em uma nova ideia sua: o thefacebook. E a trama vai se desenrolar em cima desse “mau caráter” de Zuckerberg, que renderá dois processos multimilionários por omitir os créditos da invenção. Mas o que são esses processos para um bilionário?


Já sem ter grandes amigos, Zuckerberg ganhará uma má influência em sua vida: Sean Parker (Justin Timberlake), criador do site Napster, que derrubou a indústria musical em 2000. Parker é um cara viciado em drogas e totalmente ambicioso. Ele que vai sugerir a mudança de nome para somente Facebook, vai colocar na cabeça de Zuckerberg que ele pode fazer bilhões de dólares com o site e vai excluir o Saverin do negócio.

A Rede Social é um filme sobre incoerências e pode se resumir em uma frase dita pelo próprio protagonista: “se vocês tivessem criado o Facebook, vocês teriam criado o Facebook”. Isto é, mesmo que os Winklevoss tenham tido a ideia original, quem colocou a mão na massa é o Zuckerberg. Não importa se ele fez alguns inimigos no percurso, pois ele continua sendo um gênio da tecnologia, que representa uma geração gananciosa de jovens do século 21. “Amigos, amigos. Negócios à parte”. Talvez o filme funcionasse melhor se fosse um documentário. Veríamos realmente quem são esses estudantes de Harvard, aspirantes a Bill Gates e suas personalidades mesquinhas. Talvez.

Com previsão de estreia para fevereiro de 2012, o próximo projeto de David Fincher é The Girl with the Dragon Tattoo, versão hollywoodiana de Os Homens que não Amavam as Mulheres, baseado na série Millenium, do sueco Stieg Larsson, sobre violência sexual contra mulheres. Com trilha sonora de Trent Reznor, seguindo a mesma parceria de A Rede Social, o filme também conta com Daniel Craig e Rooney Mara (que vive a ex-namorada de Zuckerberg) no elenco. Veremos se, com essa próxima produção, Fincher voltará ao seu estilo original de dirigir filmes como Seven, Clube da Luta e Zodíaco.

Assista ao trailer:

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